O Frio Da Pocilga
(Elinando F.)
Desvia-te desse olhar, ele te rouba a paixão, ele te consome e te deita no chão e por fim te estende a mão... Apenas a mão. E de costas me vês, uma página por dia, um flagrante jamais autoado, uma pista sem provas e um tempero só com cor, mas sem gosto.
Vem então esse fluido, esse barulho aos ouvidos, suave, melódico, mordido, irado e esquecido. De longe te vejo, tão bela, de perto percebo, o fogo da vela e o brilho: Oh! encanto de teus olhos, parada, a contemplar o ilusório, que me fez falar demais e não ser tão direto. Será que perdi a vez?
É, eles se vão e supomos uma sensação, um vapor, um sentimento de invasão: Triste é saber que estamos ainda eretos no chão, diante a orquestra, onde a razão foge do contexto e nem a emoção se desdobra em autenticidade.
Que dia é esse, tão no lugar? É algo que falta apagar, um corretivo no grau da visão, um neurônio à menos na transmissão, é, uma vida à menos no coração.
Se pudesse fazer algo para os outros, uma arquitetura de um texto premeditado, um improviso bem feito sem estragos. Uma cruz que brilha nos botões de tua costa faz tua moda, como não posso sair, fico aqui na escória, com uma armação envergada no bolso e um olho chinês em meu olho e alguns feixes de comprimento essencialmente monocordados.
Vou destruir mais outra vez essa película, eterna aos olhos de uma tarde, intocada as carícias do vento, por ela caminha os insetos e venho eu com a chuva, a chuva repentinamente atormentadora, barulhenta mas não calaminosa: Deprimente e vê surgirem mais abrigos alternativos para essa gente tão sem divisões a sua volta e apenas um chuveiro para se aquecer do frio da pocilga...