Thursday, May 29, 2008

Primavera Polar

Primavera Polar
(Elinando F.)

Da transmutação das cores, o filme passou do preto e branco ao colorido, trazendo consigo o verde, o amarelo, o azul, restando apenas a lembrança do branco da neve do inverno passado. Eu saí de um inferno frio e quando percebo o Sol, sinto nele um sorriso ainda tímido, o tempo que está ainda por vir, mas enquanto isso vivemos aos poucos o saborear das temperaturas amenas de uma Primavera polar: É mais ou menos assim que vejo as mudanças nesse extremo norte americano. Oh, como parece curta essa alegria, porém grandiosa dada a intensidade do que há de se passar no Verão, do quanto de calor em resposta à hibernação, e na visão de uma última despedida, portas abertas para outra morte definitiva, o Outono com sua beleza rara deixará no chão o segredo do tempo, folhas da mesma árvore intacta que eu não vi quando passei correndo...

Sunday, May 11, 2008

Estranha Criança

Estranha Criança
(Elinando F.)

Esse rosto que se passa estranho é um rosto de mudança, pode parecer estranho, mas não é criança, ela sentiu na pele as reentrâncias, e sem marcas, conota lembranças, de um náufrago tempo, de uma seca sem vento, de uma chuva de nuvens irônicas. Na leitura de cada gesto, percebe-se um mistério, é uma frase sem nexo, um pensamento de irrelevância. A pobreza do espírito que corrobora, esquece ainda mais o detalhe, e na memória póstuma que segue viajem, melhor verdade é saber que esse rosto que se passa é uma lembrança, pode parecer estranho, mas ainda é uma criança...

Thursday, May 08, 2008

Canteiro das Tulipas

Canteiro das Tulipas
(Elinando F.)

O vento dessa noite fria cheira a flores, cheira à primavera e à sinestesia lisérgica de um cruzar de ruas, quando os sons dos carros ultrapassam as cores dos sinais. O aroma dessa noite tem cheiro de morte, de vida para as rosas de verdade, que habitando os jardins, enchem as manhãs de luz. A beleza dessa noite tem uma razão íntima, é a única que eu vi a essência no escuro, na ausência do veículo, mas na presença do espírito. O cheiro dessa noite fria refresca a solidão de quem passa despercebido, mas vê em algum lugar um indício de que nunca estamos esquecidos.