Monday, November 24, 2008

Livro de Passagem

Livro de Passagem
(Elinando F.)

Viro mais uma página em branco, um plano deixado do lado e já estou no meio: Eu paro e vejo bastante claro, meio livro límpido, sem as marcas dos dedos, uma capa preta sem ao menos um título de ensaio. Meu texto não é lúcido, vem de outra história, é da autoria recente de pensadores insanos, milionários das noites, poetas em silêncio a ouvir o cânto obscuro dos galos. Das articulações rígidas, sob o estalar esquálido dos dedos, vai-me mais outro plano, e de ano em ano eu fecho mais uma vez esse livro de visitas: Eu estou aqui só de passagem...

Usina Trágica

Usina Trágica
(Elinando F.)

Da glicose até os alcalóides, em defesa por um pouco de dose, um simples espanto ou também um encanto, eis que vem a visão, a expanção do córtex, a aceleração sônica na mielina, a deterioração das funções normais em nome de um além-morte. Ao metabolismo secundário, à usina de quem só pode, ao verde, ao comigo-ninguem-pode: É posto que é veneno, mas já se sabe o gosto, mantenha distância, a cor é negra, será tarja preta, binóculo diante uma imagem escancarada, miséria da vida em jogo, sentimento amargo no peito, nitrogênio livre cruzando as barreiras dos distúrbios neurológicos!

Thursday, November 20, 2008

Vácuo-Céu

Vácuo-Céu
(Elinando F.)

Uma nuvem me circunda: Essa nuvem sou eu, ela contém elementos dispersos, poucos, são poucas coisas de se falar, é quase um silêncio, é uma nuvem entre um imenso céu. Como uma sombra num dia aberto de Sol, dá-te ao menos um piscar de repouso, é por pouco, é uma nuvem de estar...
Eu estou por ser assim, essa linha cruzando o céu que some, jato no horizonte que ninguém viu. Essa nuvem novamente sou eu, nesses tempos em que não chove e a neve escorre de mais um nariz resfriado desse inverno astral de verão!