Monday, November 27, 2006

Chorando Olhos

Chorando Olhos
(Elinando F.)

E os meus olhos chorando olhos
Cabeças de humanos decaptadas
Paixões mundanas angustiadas
Vagando sem destino na madrugada

Fico eu aqui sempre a desdobrar
Em sonhos paralelos e solitários
A esquecer de momentos de sabores
No amargor amarelo dos maus odores

Aquele alguém me olhava sorrindo
De óculos escuros ao ver meu destino
Nos olhos do Sol ainda me acordando
Em manhãs de dias eternos se fechando

Quando em meus olhos chorando olhos
A borrar os rostos com minhas lágrimas
Trouxe de volta a saudade em beijos
Como num azul de sonhos entorpecedores

Sunday, November 26, 2006

Nada Mais Urbano

Nada Mais Urbano
(Elinando F.)

O semblante lá fora me olhava aqui dentro
As luzes atrás dele escondiam assim tal rosto
Lá do alto na mesma altura eu me senti invadido
No mais urbano fóssil submerso no meio desse pântano

Senti como se uma sombra me notasse caminhando
Era algo vivo de cores iluminadas por luzes econômicas
Sob a aridez insólita de um deserto frio e fantasma
Onde vozes e movimentos agora são como lembranças em ruídos

Quantos pontos veria assim na beleza dequela escuridão?
O edifício de andares queimados já exibiu sua beleza
Em Natais de sonhos de anos velhos que se passaram fome

Imaginei por alguns momentos desligar repentinamente o interruptor
Para de alguma forma descobrir o que aquela face horrenda vivia
A contemplar um horizonte tão retraído de estrelas caindo no céu.

O Desmaio

O Desmaio
(Elinando F.)

Foi-se a virtude, o emanar mudo
Distorce-se a realidade em sérias conclusões
O rosto amargo e a vermelhidão lacrimejam
No dor até então pouco localizada

Daí vem a pausa, a vida tão nua e crua
Eterna na sombra que te persegue sem dó,
Se o tempo soubesse desse tédio tão avançado
Eu seria você lendo esse testamento infame

Deus disse na voz dos anjos a sua verdade
Mas esqueceu que estranhos cruzarão o caminho:
- Eis que a sabedoria moderna exalta essa lamúria!

Fomos nós que viemos para chorar nesse mundo
Atados ao silêncio insolúvel e restrito
Na ilusão de provar uma razão ilegível.

Tuesday, November 21, 2006

Mar do Oeste

Mar do Oeste
(Elinando F.)

Estava bem, apenas psicologicamente bem, até vir ondas ou vozes a me levar, porque eu fui...Por que eu fui?

Ganhei do meu lado um auxílio, uma mão amiga, esse vai-e-vem honesto, que lhe dá a mão tranquila e não despedaça vosso fruto no chão.

Estava bem, nada como antes, como nunca, e agora, até agora, me encontro desacordado, em um sonho fragmentado, tudo pela voz que me chamou enquanto ouvi, porque eu quiz...Por que eu quiz?

Ah! E se foi, era para ser! E agora sou o que nunca mais serei, nem mais um anjo, nem um demônio, pois eu amo, no resmungar de um olhar muito distante, num sorriso, mas eu amo!

E as ondas vêm de longe, bem longe noutro mar, atrás do Sol que nasce no leste, mas no oeste, também vejo um mar nascer, como se estivesse numa ilha e nunca soubessse. Lá o Sol brilha nas minhas costas como uma piada, e meus olhos em miose, se despedem de um soluçar...

Estou bem...mergulhado nesse ânimo antigo.

Saturday, November 11, 2006

Possessão

Possessão
(Elinando F.)

Eu senti o rugir dos teus dentes
Dentro do meu peito a arrebentar minha alma doente
E teus olhos não negaram aquele momento bizarro
Tu possuias meu corpo encolhido em calafrios
Até o ponto de quereres parar o pulsar do meu coração

Mas não! Eu fui forte e não sei como!
Lágrimas escorreram no meu rosto pálido e gritante
Enquanto vagavas ao meu redor de indignação e frustração
Perante aquele trabalho que tu tens feito sempre em segredo
Em nome do destino infeliz de atravessar uma vida de olhos vendados...