Sunday, April 29, 2007

Nirvana Doce

Nirvana Doce
(Elinando F.)

Essa dor inspira, é uma cefaléia que vem, e sua tontura excita, fazendo-me cambalear de embriaguez.
É um modelo de sonho não dormido, e desperto, vêem-se almas partirem pros lados, feixes de luzes pálidas, rumo a um espaço mundano e vazio.
A minha mente é flor narcótica, cresce em terrenos áridos, não carece dos demais cuidados. Diante de tais aspectos, assim é: Rebelde, mesmo aparentando tamanha quietude.
E frágil, sendo caminho fácil pro impacto, se sabe, depois de uma queda, não é mais a mesma. É um fruto, sempre a revelar novo sabor.
Essa dor apaga com o fechar dos olhos, com as cortinas que se soltam com o fim do espetáculo, e com a inércia plastificada que imita tal estado contemplativo.
Ah, e se não me é raro, deixa de ser dor à anestesia, prazer de rever o caos, Nirvana doce que eclode em erupções não tão dolorosas, mas criteriosas a ponto de servirem de ótimo ponto crítico...

Devagar e Sempre

Devagar e Sempre
(Elinando F.)

Triste por esse fim premeditado, por sofrer por um ente amado e não tê-lo mais de volta. Sorrir como um anjo calado numa combinação de prantos abismados e despertar desesperado, junto a um cortejo invisível de fatos isolados. Eis que essa busca chegou ao fim e voltei de vez para lhe contar como eu fui? Essa jornada dura para nunca mais, ela não nos ouve, é a mesma que vem e que vai, incansável e infame, mas sempre lá, nunca dá atenção mas sempre teve seu caminho certo.
Vejo que sendo uma miração das boas, diz-me por onde passar. Deus nem mais parece ouvir e na voz de que ele guia, nem percebo tal poder exaltado. É seu sentimento de paz que não nos move como antes e nos rouba com o princípio de não chamar quem é preciso. É estabelecido assim, e assim mesmo, desse modo, nos apresentamos como os derradeiros, e assim seremos por livre e expontânea vontade, resistindo na estagnação, mas na inércia itinerante de partir nesse trem cuja estação nos leva lento mas firme, com os pés no chão que parecem voar de tanta liberdade: Eis que estaciono também livre!

Boas Notícias

Boas Notícias
(Elinando F.)

As boas notícias são mortes. Depois de passado tanto tempo, estranhos nos abandonam, e quem estava aqui antes, e que ainda habita nesse plano sumiu. Daí vem a pergunta: Onde nós estamos? Será que vamos bem ou será que continuamos perdidos nesse oasis?
Eu vejo se repetirem coisas, mas como eu cheguei de repente, fica difícil constatar alguma mudança. Vou ficar a espera de outra vez? Eu diria que não ou quem sabe! Ninguem mandou ser filho ausente, daqueles que nem mais se lembram da casa que viveu e prefere olhar o céu a contemplar uma lembrança pintada de outras cores.
As boas notícias ninguém leu, estão estampadas em convites recusados, em lugares sagrados e tão pouco pisados. Como somos rebeldes e como ainda sou por insistir, sabendo que a resposta será mais um partir, com o fundamento de que, por mais que acumule, sempre voltarei com as mãos ainda vazias, ouvindo mortes dizendo eternos nãos!

Thursday, April 26, 2007

De Encontro

De Encontro
(Elinando F.)

Ah! Quantos anos reunidos de uma só vez. Revesando seus lugares com seus teatros, cada um apoiando sua própria arte, pois eis que é essa arte que vos faz percistir.
Oh! Desencanto meu em ver este espetáculo, munido da dor e da desventura de presenciar tal fato. Fim dos mundos, aniquilação de toda existência, até da divina, tão eterna na boca de seus fiéis.
Se me tocassem o coração com seus talentos, mas não! Eis que vivo a contemplar esse circo de sinônimos, antônimos e neurônios trapezistas, sem aquele furor que arrebentava o peito de regozijo. Parece que o sonho perdeu o sentido e só cabe ao tempo arcar com as consequências.
Loucura de indivíduos patéticos, perdidos dentro de um. Se um dia pudesse dizer que os encontrei não sei onde, ficariam espantados! Porém digo com toda bravura: "Se um dia esse momento existiu, é porque hei de voltar de novo..."

O Túnel do Tempo

O Túnel do Tempo
(Elinando F.)

As montanhas azuis, os céus verdes e as rochas lascadas. Derrubaram os muros e só restaram algumas paredes, para que os sorrisos pudessem trafegar entre as vertentes onde o rio deixou de passar, enquanto do alto, ficamos a espiar outra paisagem.
O vento ardeu nos olhos, e as memórias fizeram do tempo algo esquecido, imagens distantes, um mundo destruído e reconstruído para algo mais amplo, quando antes sempre esteve ali. Assim foi o que é, um caminho sem volta, palavras na boca cheias de significado e pouca esperança pra se dizer.
Chegado o momento esperado, a poeira se sente no ar mas não se vê, são ares mais puros de se ter, é um pedaço de atmosfera restante, e semblantes extintos e desconcentrados, onde a informação excluiu mais um universo de saber. Aí vem a despedida e vamos embora, enquanto as coisas hão de ficar no mesmo lugar, produzindo para construir algo novo, acompanhando outro caminho que se abre pro mesmo lugar.

O Preencher

O Preencher
(Elinando F.)

O que falta é poesia
Era só o que me faltava!
No vale dos iludidos ela se eleva
Estrela guia numa noite desperta

Vaga no silêncio diurno
O incansável passo de sua beleza alcança
A maestria do belo no impasse
De não ser horrenda por completa

Se os meus dedos falassem
Tu verias mais que vozes entre os sinais
Munidos de virtude e um amor cego
Desses que nos forçam ao imediato

A poesia anda, a poesia pàra
E vou com ela para onde seu canto for
Sendo poeta, triste como Ser
Valendo-me por sofrer, mas nunca desistir.