Wednesday, February 27, 2008

Fluidez

Fluidez
(Elinando F.)

Na imagem espelhada diante de mim, como água alva ondulando, se sente a leveza, frescor da exasperação concluída. Tu que eras peso agora pairas sem lugar a pousar, pena da ave liberta de si mesma, quando à mínima fresta oferecida, foste invadida por tuas próprias intensões. Deram-te apoio quando inda insinuavas, deram-te a mão, por não dizer a passagem. É então um caminho para tua volta, a final vitória da chegada. Assim da forma que se deságua, tu vens na corrente passando a deixares uma semente plantada: Acabaram-se os dias onde nada escoava, nem as horas, nem o silêncio que gritava. Tu passas no gole que acalma. Tu vens no vento que aquece a alma...

Friday, February 15, 2008

Gelo e Sal

Gelo e Sal
(Elinando F.)

Sopro de cera: Quando eu expiro, uma nuvem se desmancha no ar, não me há efeito, não me há sentimento, apenas uma breve expansão, meu hálito que se inodora e minhas palavras emudecendo-se. É assim mesmo quando me engasgo, é assim que me calo e nesse silêncio, o vento congela tudo que me cruza, desde uma folha a balançar, um sorriso a me amanhecer, a me cativar. Desde então a vida se tornou de Inverno, uma estação que fui e ainda não voltei: Apenas agora, vejo-a realmente...
Desliso, caiu, brinco e contemplo a natureza morta do meu passado, o sonho ruim que me livrei e vejo agora de todos os lados: Eu tempero tudo isso com gelo e sal e me embriago nesse gosto, vejo rios se derreterem e observo meu rosto náufrago, no escorrer desse sangue transparente que me mostra imagens bem abaixo, acima dessas camadas gélidas e uniformes que tornaram meu horizonte mórbido, desértico. Eu tempero com Gelo e Sal e dentro de mim eu choro.