Wednesday, June 27, 2007

Processo Histórico

Processo Histórico
(Elinando F.)

Meu ser supremo atingido é o espírito da mente decaptado, lembrança escolhida do frio, sentimento do mundo afastado. Margem até certo ponto delimitada, faz do horizonte algo plástico, ignição de uma imaginação rebelde, ilimitada.
Os heróis dos tempos foram mortificados, lançados ao longe como um artifício a colorir o céu para nos extrair o mínimo de graça. A poesia agora é o caos, essa beleza mórbida na transparência desses vidros esfumaçados, onde um pouco d´agua, apenas um pouco d´agua é necessário para se ver melhor...
Recolhida nos cantos, seguindo um fluxo que não freia, essa consciência carrega as cheias, sangria daqueles que chegaram aos montes, montantes de irregularidade. Símbolo de forma muda, tendo pouco gosto, até soa bem, como a neutralidade de uma brisa que passa.
Qual o sentido deixado de lado? Qual o motivo de se fazer sentido hoje? Ah, como é problemático nosso dever! Pareço imitar um outro invisível, num rastro gêmeo de infames. Não! Eles nunca foram longe, apenas quando fecharam os olhos e sob uma vertigem gritante, tombaram várias vezes, sob o efeito inebriante desse sonho que cada vez mais parece deixar um infeliz.

Ecos Confusos

Ecos Confusos
(Elinando F.)

As idéias, não as vejo. Por querer vê-las, perco o medo e as vejo. São multidões, rostos se transformando, velocidade sem freio e invisível.
Se pudesse contar quantas são, perderia o senso, o gosto, a graça, é assim que se disfarça, eu não queria morrer em tal seio, eletrocutado, distante a léguas do choque.
Aqui parado, inerte ao acaso, calando o silêncio e ouvindo pasmo o que as idéias tem a dizer, me espanto: Elas não dizem nada, elas dizem tudo! Chega até ser absurdo, ninguém as enxerga...
Ah, pra que fui parar assim de repente a ponto de estagnar na inconstância? Eu não me arrependo, apenas não me entrego à ignorância, isos tudo que jogam fora, abismos que nos separam em lutas, histórias.
Arrependo-me de ter tido a idéia de parar de pensar para me deleitar com o fim que nos acompanha, outra trilha incerta nesse mar de conchas.
Vago a pensar nas ondas, ali ao longe como idéias aqui perto, como uma divina infâmia, Sol que já nasceu morrendo, atrás das nuvens dessas manhãs condensadas em idéias tristonhas.

Thursday, June 21, 2007

Desregistro

Desregistro
(Elinando F.)

Não nos registramos, ficamos na memória, histórias de anos esquecendo, dos anos que já se passaram. De trás pra frente estamos indo de encontro ao outro, fim dos fins, início para eternos outros.
Fatos como fatos, berço de essências frescas, quando expostas ao tempo da tristeza, roubaram de nós cada princípio. E como somos sensíveis, ainda sentimos o cheiro de longe. E com tal consciencia do tal, pareço abster de um sabor que era doce.
Quando passamos à frente, vamos adiante, até que na frente nos deparamos com a fronte. Não podemos fechar os olhos. Como uma profissão, temos que cumprir nossos atos, não estamos aqui por acaso. Por mais que o erro seja fato, o fato é que o sangue aqui é produto de um sistema coalescido, e não vítima do seu próprio fracasso.
Posto que firmes, arquivados nas mesas, nos armários, eis que espalhados ou organizados seremos folhas, alvo fiel das traças ou de situações mais drásticas. Cairemos no esquecimento? Visto que consta nos registros, seremos prova, ícones de um sentimento ferido de ambos os lados, fruto de uma bala que atravesa como um verme a nos roer de cabo à rabo.
Tubo Vertical
(Elinando F.)

E me vem essas ondas
Distenções miocárdicas basais
Quando no silêncio dos meus ais
A morte me vaga numa sombra

No ápice que desmorona
Descendo como descargas neuronais
Meu corpo se perde do seu cais
Porto sereno de eternas lombras

Então vendo-me contorcendo
O choque é mais um sinal dizendo
Que continuo inerte a esse drama

Nessa luta eterna a resistir
Vale nas dores libertar um sorrir
Bem mais vivo que essa alegria hedionda.

A Trilha

A Trilha
(Elinando F.)

Oh! Como te busco!
Serás tu meus sonhos?
O findar-se, o exaurir
Outro sentido a existir
Pois o que me resta não é o bastante
E o tão pouco de fé, será insignificante?
Montante de idéias desfragmentando-se
Num chuvisco ocasional, mas incessante.

Oh! Como fujo de ti!
Brinco de te reinventar
Pois o que me dás de volta é o mesmo
Amo esse teu balançar!
Volta e meia me transformo em forma
E num instante pareço desmoronar
Onde os sonhos descongelando
Afogam em ondas meu pensar...

Voe! Deixe-me lúcido!
Assim me será mais belo contar
Das paisagens perfeitas que foram
Os caminhos que deixei de passar
Mas sendo melhor o mundo desse jeito
Deixe-me com fôlego para partir
Até quando não mais funcionar o freio
Até quando o caminho parar por aqui!

Monday, June 18, 2007

Lago das Cinzas

Lago das Cinzas
(elinando f.)

Apago a ponto de querer ver
O fundo raso do lago das cinzas
Onde os peixes, sem ter o que comer
Bailam frenéticos sob ondas primas

Refletindo minha imagem como sombra
O espelho na névoa brilha ofuscante
E no escuro desse quarto frio e infame
Restam os restos que restaram do restante

Apago a ponto de querer rasgar
A imagem desse sonho eterno e invertido
Lançando ao longe para não mais voltar
A dor de não querer mais ver isso!

O Silêncio do Estalo

O Silêncio do Estalo
(Elinando F.)

Eu ouço os passos, o fruto brotando, a flor murchando e o estalar dos ossos. eis o espaço ocupado ou o reduzido, pulsando de dor na busca de um alívio.
Foi o que deverioa ser, porém não mais é. É um jogo de palavras, de frases momentâneas de uma estabilidade infeliz. Há quem diga que há de se saber lê-las, se é que se possa consentir. O sonho é regozijar com uma graça que se despede exorcizando um mesmo lamento.
Tu sabes bem ao ouvir a beleza, que sua beleza é a de se ver. És de um bem sagrado, guardado entre as mãos e libertado em equilibrio e formas métricas, pois o que foste acabaste sendo um bem mais lápide.
Quando viver desses passos, há de se fazer poeira, mas ela há de revelar maestria, vento que a transforma numa nuvem a carregar para longe a saudade. São desses sentimentos que ando perseguido, doce tensão de se correr sem atrito.
Somos todos um a nos unir nesse som. Sou eu que me perdi para te encontrar de novo. Eu que não sou nada além de outro e mais outro, um tema a se despertar em outro e mais outro.

Thursday, June 07, 2007

Partição De Fases

Partição De Fases
(Elinando F.)

No íntimo a ouvir a gargalhada imortal no corredor dos anos que me parece bem mais estreito. Talvez esteja chegando no meio e essa proximidade faz-me inspirar um encontro. Sinto algo, como se fosse a derradeira razão a me revelar um segredo que a partir dele, guardarei para sempre em segredo.
Vivo a dobrar esses lençóis encardidos, panos de chão que me acoberta do frio, longo como os poucos que já me aqueceram. Assim é o que se passou e se passa como um fantasma, espírito que não vejo no espelho: Árido de terreno baixo, onde se vê nos olhos a paisagem, Sol ácido e sonífero como a visão de um vitral mágico.
No íntimo que dialoga, ouço balões de mensagens, nuvens claras em céus azuis de fins de tarde. Íntimo que viaja como a nave, pássaro a refletir nesse momento em que paro. Sentimento dizendo o quanto sofremos por nada, esperando por tempos eternamente tombados.
E o presente gritante diante minha mágoa, diz-me que na verdade não me é tão tarde: É bem mais cedo do que imaginava!

Wednesday, June 06, 2007

Verme Em Mim

Verme Em Mim
(Elinando F.)

Dentro de mim ouço um soluço, uma voz a gargalhar. Verme que se alimenta dos excessos, da agudez da alma no transe que se aflora, quando na mente perco a memória e inconsciente, mergulho diante um semblante que líquido, colore a escuridão do pensamento em tons vindos do extremo-caos.
Num pedido de ajuda, pela oração me resguardo. Tenho no sagrado o corpo fechado, menção à luz que se apagou com o tempo e me banha quando a sensibilidade da alma tem de volta a Pureza. Feliz sou por me safar e ter outro dia em mãos, mesmo que na claridade, não tenha bebido do descanso tão merecido pro corpo.
Eis que é agora e só agora há de ser a vez que hei de ser forte! Parece o fim dos fins, quando no leito dessa amargura, hei de pedir ajuda a viver essa eterna dor de não poder mais superar a doença, maldito parasita que invade sem avisar o dia certo do envenenamento.
Toquei onde não deveria tocar e transformei tudo em tecido incansável de se regenerar. Oh, minha juventude! Ser poeta a morrer dessa falta que se escolheu, mais que só agora se vê seu valor... O amor, o vinho que percorre as veias alimentando o sonho que se foi, mas que vem como gosto, no olhar cheio do conteúdo que esse verme não tem mais do que roubar.