Sunday, May 07, 2006

Alma do Frio

Alma do Frio
(Elinando F.)

Ouvia a mais bela canção dos meus ouvidos, de tal forma que mal podia me mover: Estava dominado por uma voz de algum lugar do meu jazer, entre todos os cantos que me aguardam, nos cemitérios, nos sonhos de um lugar mais calmo, uma região onde a fartura não é algo de se ter, e onde o gozo é um sorriso único de um rosto eterno, sem nada a me submeter.
Liberdade esta alcançada, nas mãos suaves que folheiam as páginas, com a prática indiscutível de um leitor roubado do passado, nos trechos de um ensaio fotográfico, porém, até então jamais revelado no mural dos eleitos ou ao menos selecionados. Grandes alturas, memoráveis lembranças de ares profundos, tão intensos que vão passando, morrendo aos poucos, pois não é tão fácil viver assim: De um lado vindo e de um outro, como sempre partindo.
Eu vejo-te no olho, falando de perto, numa lágrima que trafega o rosto como um sinal, um resguício de sentimento, uma sensibilidade da alma de um anjo. Essa dor parece uma companhia, aquela na dor crônica da barriga, que se alastra e dá seu tom de graça no temperamento ácido de um hálito que rodopia. Até poderia ser único, mas o tempo que passa leva comigo esse amor que não morre em vida.
É desse jeito que eu vôo e tenho em minhas asas a leveza de um peso solto, encostado em ordem de tamanho, um do lado do outro. No museu da modernidade, eu sou o jovem em apuros, por ter um brilho fosco, ouvir o que não ouço, ser o artista da lógica probabilística, da razão de um sangue que no preto e branco seria incolor: Sem incômodos significantes.

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