Monday, May 08, 2006

Culto à Miséria

Culto à Miséria
(Elinando F.)

A radiação advinda como fator de preservação, veio como gases cancerígenos letais, vindos para matar: Não se tinha outra alternativa, estavam usando os meios errados e as mortes subsequentes vieram como prelúdio, um aviso mórbido para quem estava em apuros e não tinha outros meios de escapar, de se libertar.
Parecia mensões de irracionalidade, mas era real: Nunca uma dor perdeu o senso, e o desespero se fez tanto que, roubou a vontade de continuar. Aquele era um mundo estranho, a atmosfera de um sonho bizarro, um laboratório de salafrários, nada mais que um resguício fúnebre de toda reação no final de sua cadeia.
Mortes e mais mortes, convites e mais inocentes se matando, embreagando-se com aqueles vapores, aquelas balas enconfeitadas de sabor pesticida, para esses insetos domésticos, que no abandono, invadem nosso lar. É uma viagem de anos, e enquanto muitos sofrem, outros continuam abanando, e o retrocesso prossegue, num sorriso que perdeu sua cerne.
Nesse meio tão arbitrário, destroem-se tantos pulmões, exala-se tantos incomodos e se traga o que não deveria ser deglutido: Perdemos a viagem e a passagem, ficamos perdidos sem a bagagem e nos dão um copo de água para não morrermos de fome. É o transpirar vindo e a sujeira acumulando, mas nada que o frio leve junto com um cobertor.
Estamos cada dia sendo o sangue verde escorrendo no esgoto, a doença que se espalha e a tristeza de inúmeros amanheceres rotos: Tornamo-nos mendigos, peças de controle biológico de humanos, e assim vivemos enrolando mulambos, fazendo uma arte para uma arte que se firma como patrimônio e não se entrega: É cultura em meio a miséria.

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