Wednesday, June 28, 2006

A Descoberta do Fosso

A Descoberta do Fosso
(Elinando F.)

Ao Ministério das Relações Interiores
Dou-me por vencido perante esta causa
Mesmo diante a estrutura da eterna formosidade
Eu me curvo pra um lado na busca dum destaque.

Ao movimento noturno das calçadas
Fico a imaginar o quanto o vento é calado
Nas silhuetas tortuosas da arquitetura insana
Mergulho num céu onde as vozes ecoam das estrelas.

Este é meu gosto causado pelo fosso descoberto
Eis que esse cheiro embriaga causando náuseas externas
Porém este nunca foi meu intuito frente ao descaso.

Em nome da Paz e dos Filhos dos Espíritos Tântricos
Temos toda alma guardada neste inconsciênte dourado
Lançado no coração do amor dissociado desse mundo.

Lamentos II

Lamentos II
(Elinando F.)

Poeta, tenho uma coisa triste coisa a lhe dizer
O teu fim é o copo vazio que te faz emudecer
Junto ao afago do silêncio e suas formas múltiplas
Na madrugada onde se encontram os ecos das coisas últimas.

Meus amores são as Damas-da-Noite que se abrem
Em saudação à mais um Sol que no horizonte partiu
Encontrando nos adeuses milhares de apertos de mãos
Em sentimentos de imagens diluídas em frações de mil.

Hei de um dia ser justo a tua poesia comovida
Quando olhares, diante as lágrimas, o estrondo no chão
Dessa humanidade reunida como unidades sem vida
Na tragédia adornada dessas flores que eu devia ter em mãos.

Monday, June 26, 2006

Invasores

Invasores
(Elinando F.)

Não! Nem sempre temos água! Por vezes passamos anos comprando-a. E os cata-ventos? Bem, eles até que serviriam, entretando sua água é muito dura e é apenas útil como alimento aos animais e seu lugar de deságue, um ótimo abrigo aos maribondos.
Ei-vos diante esse diálogo e vos digo que é muito diferente nossa cultura, nossos sonhos deveriam ser os mesmos, mas não queremos sair daqui, nossa terra é farta e apesar de toda falta, bebemos muito do que não tens: Ares, céus azuis, ventos e uma voz firme e livre do silêncio.
Temos que nos despedirmos brevemente, bem sei que vocês cantam e exaltam nosso patrimônio, nossas histórias cheias de graça e entusiasmo, mas creio que poderíamos ser mais cativantes. Gostaria muito de entender a razão que vocês nos procuram, mas sei que isso não poderia deixar de ser um motivo de saber que não estamos sendo invadidos.
Estranho somos nós que viramos as costas, que fechamos as portas e olhamos e/ou escutamos os passos ou as conversas se aproximando. Vivemos muito longe do mar, e muito mais distante desse saber, nosso mundo é pequeno e até que poderia ser considerado literalmente "uma vida estagnada regada a diálogos jogados fora".
A violência que vemos é essa que passa nos meios de transmissão, esses meios que englobam nosso fim, nossa dissolução. O caráter que resume toda essa convenção é a que vos faz vir a nós e que nesse momento os tenho com muito respeito.
Dou como encerrado esse diálogo e novamente é com enorme gratidão que os comissero diante esses tempos, e que podem retornar o mais breve possível pois, precisamos de um pouco dessa porção que nos aproxima tanto desse mar que passa por vocês tão despercebido.

Se o Inverno Fosse de Gelo

Se o Inverno Fosse de Gelo
(Elinando F.)

Eis meu conforto, meu consolo
O som da queda, do repouso
Do frio que invade, sem incômodos
Como um sorriso farto, tônico

Correntes passam velozes, transparentes
Os olhos se apagam, quando ausentes
A chuva é uma história, atualmente
Revelando o motivo dessa dor contente

Tormento é a lama que arrasta
Uma vida de sonhos, de caminhadas
E eis meu consolo, meu conforto
Disperso nesse tempo cinza, calaminoso.

Thursday, June 22, 2006

O Letreiro

O Letreiro
(Elinando F.)

Já Amanheceu
E o letreiro de ontem continua Vivo,
Morto nesses olhos de uma Noite onde o Céu se escondeu.

Sim, eu vi o Tempo passar, enquanto acenava com os braços,
Estava no lugar errado, como que pisando em falso
Longe do letreiro de uma Luz que queria roubar.

Já é Manhã e está tudo Marrom,
Uma cor que Deus não deu pros nossos olhos
Mas é bela como um fim de tarde que o Sol parte sem dá seu Adeus.

Feira Das Dores

Feira Das Dores
(Elinando F.)

Esse Pêlo, é o cabelo Branco do velho
Que pousa no Negro algodão do Tecido
Parecendo os Apêndices dos Capins plantados
No solo Temperado do Leito Desvanecido.

Eu Passeio por entre a Fome da Fartura
Cujo negócio é a Venda e não a Compra
Desse Roubo que passa como um Vento
Dormindo leve no Vazio de teu Bolço.

Viva essa dor Adormecida nesse Sol!
Não é o Câncer que vai arrebatar a Pele
Com a Beleza de uma Chaga Covarde.

Antes de ir eu me Escondo no recanto
Pois está difícil correr de Medo andando
Esbanjando um Sorriso rente ao Pranto

Tuesday, June 20, 2006

Penedos

Penedos
(Elinando F.)

Aos céus, aos ares
Peço forças ao espírito selvagem
Às coisas que cantam entre os espaços
Ao silvo crônico do som aguado

É tudo longe me levando desde cedo
À proximidade que eu encontro nos penedos
Lá em cima, sinto uma dor em minhas entranhas
É de um prazer calcado de imagens tristonhas

Aos beijos, aos olhares
Eles passam no movimento crítico das fases
São de valores severos como lições do tempo
Reflexos de uma experiência irmã do Sofrimento

Aos sonhos, aos pesadelos!
Todos se unem num único enovelo
Vou-os roubando a firmeza e a impenetrabilidade
Numa ação que envolve a morte e o início de outra Verdade.

Monday, June 19, 2006

Lamentos I

Lamentos I
(Elinando F.)

Eis o meu rosto como a superfície da água
Eu já me vi olhando os peixes que pareciam sorrir
A sombra de uma árvore era um recanto de Saudade
Hoje o Sol é coisa que já Foi e agora brilha na Eternidade!

Vou de alguma forma ser toda essência dividida
Ela foi da flor, Ela foi minha, Ela foi minha vida
Se eu me ver no espelho do lago cinza de tão poluído
Quero perguntar quem foi que jogou lixo no lugar indevido!

Sou honesto, vou dizer, ninguém diga que nunca falei sério
Eu fui criança e não lembro o que eu tanto pedia
Nas ruas que eu brincava, Eu já fui criança um dia!

Lamento dizer diante de toda minha integridade
Que morreram meus sonhos e o que resta é a Idade:
Durmo tranquilo enquanto meu rosto desaparece na Luminosidade.

Vôo Rasante

Vôo Rasante
(Elinando F.)

Eu sou o espaço, Eu estou no espaço!
Passei raspando um monumento sem explendor
Era uma arquitetura de espaço, um queijo esburacado
Uma fatia de nuvem aberta de ambos os lados.

Até parece que sou apenas um: Não sou o vazio, Sou o espaço
A distância entre um ponto marcado e outro apagado
Eu nasci chorando quando eu vi uma luz me devorando
Somos de uma nave de carne, ossos e alguns números de anos.

Eu sou um barco, num mar de sonhos aposentados
A chama é fria e as suas cores são de tons bem claros
Mas no espaço tudo é negro enquanto lugar sem fundo
Eu sou o espaço, Eu estou no espaço desse mundo!

Wednesday, June 14, 2006

Atraso do Crepúsculo

Atraso do Crepúsculo
(Elinando F.)

Fico do meio pro final, nem mais espero. Aqueles que chegam exaustos encontram a porta do cemitério. Jovem eu, até enxergo no escuro, deixando cascatas rubras banherem os rostos com réstias de palidez, brilhos do passado e sonhos que morrem a cada dia.
As forças são definições, exemplos que surgem de dentro com uma mão que vem lá de fora. O que são esses dedos? Parecem gravetos, palitos de fósforo, de dentes, uma árvore morta boiando em mares sem graça, sem vento.
De que forma então poderia ter sido cruel? Esquecendo meus trapos no caminho ou vendo um sorriso surgindo, apagando aos poucos a luz que me trouxe a esse mundo?
No mais, não é para menos. Eterno é o preço de se mergulhar entre um pulsar e um outro lento. E o que se vê? Sombras arfando, festas acontecendo no escuro e eu perdendo toda a animação, deitado e de olhos fechados com medo, morrendo com as dores que me deram em plena consciência. Havia de me regozijar e não mais parar de cantar tal orquestra de canções concentradas em um tom como convenção.
Percebo assim os defeitos, movimentos não pensados e bizarrices, pensamentos retrógrados e bibaquices, erros frequentes que não tem mais conserto.
Quem partiria ao mesmo tempo e na hora exatamente correta? Mais um bastardo, um desenho rabiscado e porque não manchado, derretendo no calor de um Sol de polo Norte.
Eu não preciso mais dizer nada, as palavras já se impregnaram em mim, as expressões perderam a elasticidade e sua total graça, concupiscência e desenvoltura: Vale-me então retratar, desenvolver a distorção e as fissuras inevitáveis!

Corrida de Quedas

Corrida de Quedas
(Elinando F.)

Parto o caminho, quebrando o que não vejo e finjo ver a morte. Então me despertam, me mostram o norte e dizem que é preciso ir adiante, não importa onde, pois não é tão longe. E ficar muito tempo desequilibrado é se perder no horizonte: Por poucos centímetros tive sorte, eu seria uma cadeira voando, um sangue vertido e uma alma se escalando para chegar próximo ao céu.
É preciso movimento, para se pensar é preciso movimento, coisas se passando, vozes ao vento, pensamentos contrários, nunca insultos contra o tempo.

"Quando choramos deitados, morremos
Quando dormimos sentados, perdemos"

Os amigos partem aos poucos, são os primeiros, mas não seremos os últimos. Muitos se levantam, muitos nos esquecem, muitos começam a tomar banho na água que eles não conhecem, mas mergulham perdendo o espanto. Ficar firme no chão depois de tantos abalos arrítmicos é uma emoção em tanto, uma alegria de sofrer e cuspir as lágrimas fervendo em espumas se revirando.
Eu dizendo que não ia levantar ali fiquei, sorrindo dos meus inimigos, de um mundo sem graça que vivia se fingindo, com os insultos da noite que se embreagava com os bolores entorpecedores e baratos das esquinas, das misérias nos acompanhando junto com as paranóias de verdade, dizendo que atrás de nós eram apenas lembranças, sombras de um passado que sumiu e agora vem defecando com convicções, os caminhos que pisamos e onde derrubamos em nossa frente esse espetáculo indiferente: A Vida!

Sunday, June 11, 2006

Ao Cenotáfio

Ao Cenotáfio
(Elinando F.)

Ao cenotáfio erguido nesse lugar que fui esquecido
Hei de não mais voltar para onde jamais deveria ter partido
Das circunstâncias e correrias que nos levam a esse destino
Junta os meus ossos, faze-me um museu simplório do jeito mais fino.

"Ler para esquecer e viver para não sofrer", Seria um prelúdio!
Tal peso do engasgue não seria bem-vindo para esse mundo
Na firmeza da Batalha, para a morte endeusaria de flores
Tuas mãos póstumas repletas de toda demonstração dos horrores

É de tal beleza que eu vejo o céu ir aos poucos se tornar ouro
No milagroso espetáculo boreal dos tons se findando na noite
Termino desse sonho lançado nas mãos de quem não sonhava
Ser a véspera de um momento que precede uma alvejada.

Ao cenotáfio erguido nesse lugar onde eu fui exaurido
Vaguei por onde eu pude dizer o que deveria ser dito
Sendo expulso até me encontrar aqui estagnado para sempre
Em memória a servir de exemplo para aqueles que tanto lutam.

Wednesday, June 07, 2006

Lembranças de Alguns Minutos Atrás

Lembranças de Alguns Minutos Atrás
(Elinando F.)

Acumulo dores em minha vida a ponto de me deixarem curvado: Sim! A morte está chegando sem carona, eu não tenho mais medo, pois em vida, eu tenho sofrido de um pouco de tudo! Se eu olho pro lado, meu tempo é esquecido, e se eu penso comigo, meu sonho é algo longe, meio fragmentado, tendendo à transparência, de tão pouca consistência.
De quando em vez recebo um sorriso, mas é uma enorme pena: Eu não consigo enxergar algo do tipo, se meu olhos pudessem distinguir bem, retribuiria da mesma forma, sem necessidade de um "Obrigado". Abaixo de mim e muitas vezes perto - por que não - minha dor é a dor que envelhece, que um dia vai me deixar rugas, não esse desalinhamento dos contornos, e sim a percepção do que não é e se vê no rosto como uma marca eterna e não efêmera.
Se um dia eu não me lembrar de um nome - de meu nome - é porque ele passou vago, ou se ao menos foi importante, ninguém nunca mais o repetiu na minha frente, quando eu ouvia uma correlação pertinente.
É a noite girando e a fome se firmando, eu perdendo o sono e o silêncio se calando: "As manchas não são de pancadas, é sinal de alguma tinta barata que me sujou!".
Eis que aqui tenho um bom sinal, eu pensei que era dor e se apagou, você achava que era mais uma vez o fim e agora aqui estou para lhe contar: "A curva é mais pra lá, por aqui é quase sempre deserto, apenas sigo em frente quando não estou pendendo para o canto".

Tuesday, June 06, 2006

O Vai e o Não Vem

O Vai e o Não Vem
(Elinando F.)

Algo vem, aparece, e depois de um tempo pára
É uma chance que vem e desaparece como no nada
Vem depois de volta num eterno giro sem rotações:
- O dia anoitece, a noite amanhece e a vida passa...

É mais ou menos como na tarde que o dia adormece
Num equilíbrio de um Sol caindo no horizonte das Neves
Vejo nada mais que uma simples desventura ter asas
E voar pelo chão sob um ébrio desviando das balas

Como é ser livre se a estrada é um longo descanço
Que eu vivo à espera de sonhos que morreram no pranto
Vida agora errante dada a potência das Caldeiras
Reinando em vapores com ou sem doideiras.

Equilibrio Eqüidistante

Equilibrio Eqüidistante
(Elinando F.)

Eram rios, eram lagos, eram mares: E os oceanos?
Eu via folhas sobre as águas cobrindo as superfícies com encanto!
Então girava para um lado sem saber que me equilibrava...
Foi por muito pouco: A areia era uma erosão que a ressaca levava.

Estava frio, estava nublado e o vento sacudia meus fios restantes
Apesar de belo, eu apenas contemplava uma vida que ia embora
Por momentos pensava: "Deus seria a luz que nesse céu faz falta..."
Mas doente o mundo com seu fim de tarde me abraçava...

Chover parecia um sonho que despertaria de vez minhas mágoas
Acordei meio que tonto, submergido por uam fraqueza estática
Se não me levantasse eu diria emfim uma resposta interessante:
"São como os Montes, as Serras e os picos das Montanhas inebriantes!"

Saturday, June 03, 2006

O Sol e as Ondas

O Sol e as Ondas
(Elinando F.)

Bem dizia a mim mesmo: "Eu quase pisei no Sol, mas ele saiu na frente, e foi comigo me acompanhando como um cometa a desaparecer como as ondas". Mas foi tranquilo, bela a vista daqueles meus olhares, profundas visões do que não sou, do imaginário ao redor, a vida que é e ao mesmo tempo não é, mas é necessária; O sonho que existe e desponta com clareza diante de nós: "A Vida não é o que sei, mas o Viver que me traz cada vez mais para esse chão!".
Diante as texturas, diante o céu, eu mais nada queria, eu era livre como sou, sobrevoando o vento e esquecendo minhas mentiras: Verdades em Mentiras. Triste é saber que assim eu sou Feliz, pois não me resta mais nada a não ser "alguma coisa". E quanto a um auxílio? Que me ajudar, terá nada mais que uma retribuição, nem é preciso ouvir para se ter uma resposta: " A boa intenção não é nada além que a expontaneidade". E Pensava para Esquecer: "A Maldade é essa piada na boca desdentada de cada um, esse brilho na gengiva e esse sorriso eterno de uam simpatia indescritível!".
Perguntaram e mais uma vez perguntam: Os novatos perdem a vez e os veteranos ficam pra traz, a idade se perde entre os números enquanto muitos somem, fogem para lugares mais confortáveis. O que tanto me iluminava era a beleza de uma vida abandonada, no espelho do chão que as nuvens do céu descoloriam: "Mas era Luz!". E não havia de cair no buraco do Sol, pois eu via que, muito além do horizonte, nada mais existia: Nem mais eu, nem mais o mar, nem mais os sentimentos, só um momento, alguns minutos em branco e em silêncio, num jardim onde uma borboleta me perseguia por longas datas...

Estreito Frio Das Tonturas

Estreito Frio Das Tonturas
(Elinando F.)

Nesses corredores frios, tenho estado frio, sem o agasalho envolvente dessas nuvens de sombras opulentes.
Nos olhares vivos, tenho me sentido vazio, mesmo me encontrando na boca rósea e macia da menina-flor e na brancura dos contornos que desaguam no umbigo lânguido e raso, de um prazer que só abranda com seu beijo quando o mesmo era mais morno...menos frio.
Ah! Quantos anos já se passaram! Quantas noites já me condenaram! Fui feliz para ter que pagar por todo esse tempo que estive em silêncio, conversando intrinsicamente mar adentro, com o horizonte que exalava ares que eu cercava de armadilhas falhas que por fim, deixaram escapar aos poucos uma verdade ocultada.
Assim o cavaleiro perdido andava, no paralelo dessa existência que nos traga. Eu seguia-o no pensamento obscuro para com esse mundo, e montado no meu cavalo, de quando em vez gritava
para as estrelas: "Avante companheiro, tu és meu guia invisível nesta madrugada, dai-me essa essência há tanto tempo roubada, eras a razão que me faltava, agora com o nexo de toda a dor que eu não tenho mais como obliterar, no horizonte dessa infinita caminhada!".
Malditos somos nós que continuamos, morrendo nús perante o aperto suave dos gatilhos, desse imenso rebanho de sonhos que se inundam sem deixar mais vestígios! Eis que por fim, tenho a dor configurada nesse caminho estreito, em que quase tudo agora vejo, como uma passagem para um mundo onde os céus partiram e deixaram no teto, nada além que uma luz queimada como lembrança...