Wednesday, June 14, 2006

Atraso do Crepúsculo

Atraso do Crepúsculo
(Elinando F.)

Fico do meio pro final, nem mais espero. Aqueles que chegam exaustos encontram a porta do cemitério. Jovem eu, até enxergo no escuro, deixando cascatas rubras banherem os rostos com réstias de palidez, brilhos do passado e sonhos que morrem a cada dia.
As forças são definições, exemplos que surgem de dentro com uma mão que vem lá de fora. O que são esses dedos? Parecem gravetos, palitos de fósforo, de dentes, uma árvore morta boiando em mares sem graça, sem vento.
De que forma então poderia ter sido cruel? Esquecendo meus trapos no caminho ou vendo um sorriso surgindo, apagando aos poucos a luz que me trouxe a esse mundo?
No mais, não é para menos. Eterno é o preço de se mergulhar entre um pulsar e um outro lento. E o que se vê? Sombras arfando, festas acontecendo no escuro e eu perdendo toda a animação, deitado e de olhos fechados com medo, morrendo com as dores que me deram em plena consciência. Havia de me regozijar e não mais parar de cantar tal orquestra de canções concentradas em um tom como convenção.
Percebo assim os defeitos, movimentos não pensados e bizarrices, pensamentos retrógrados e bibaquices, erros frequentes que não tem mais conserto.
Quem partiria ao mesmo tempo e na hora exatamente correta? Mais um bastardo, um desenho rabiscado e porque não manchado, derretendo no calor de um Sol de polo Norte.
Eu não preciso mais dizer nada, as palavras já se impregnaram em mim, as expressões perderam a elasticidade e sua total graça, concupiscência e desenvoltura: Vale-me então retratar, desenvolver a distorção e as fissuras inevitáveis!

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