Amante Celta

Amante Celta
(Elinando F.)

Tornaste uma folha, uma capa de livro, um retrato saudável, uma boa recomendação. A textura da tua pele, como um rosto em sépia, foi algo raro de se ver. Não me faltou um sorriso. Tua expressão sensível foi um canal aberto: Por pouco não me embriagaste com aquele olhar atraente e sóbrio. Eu preciso desta magia, deste feitiço, pois me é difícil ir pelo comum. Esta rebeldia me agrada, rompe as barreiras, é uma corrente que me abraça e fortalece. Acho que te encontrei: Oh Minha amada das florestas! Enquanto a Lua te guia, eu continuo neste sonho de te amar na Fase certa.

O Gaguejo

O Gaguejo
(Elinando F.)

Enquanto o rosto tentava se montar, eu não entendia o que o mesmo estava falando. Mordi o meu dedo como se tivesse raiva, mas no fundo, estava sem paciência de entender aquele monstro que tentava se expressar. Por vezes me faltava uma palavra, por outras o acento numa vogal ou mesmo um espaço entre uma frase e outra: Eu sei que isso iria durar pouco.
Que gosto seco na boca, parece que me roubaram a saliva: Ah se ao menos tivesse sede!
Só agora entendo que sem fome, eu bebia sem interrupções, tentando vomitar dores estomacais.
Memórias, poucas lembranças, muito inconformismo, uma eterna geração perdida, o último neurônio que faltou no juízo daquele monstro que tentava se expressar na minha frente...

Lábios Ácidos

Lábios Ácidos
(Elinando F.)

O aroma de teu gemido é hálito entorpecente
É desejo a embriagar esta insônia que reluta
O expirar do teu ar renova este ambiente
Onde reina o vazio e a dor se alimenta

Semente do prazer: És uma noite que sonhei
Envolto ao teu corpo, tua languidez
Teus movimentos sincronicos, deslizam em prelúdios
Venhas para mim, dai-me este final ardente

Bebo de ti, sabor alucinado que respiro
Teu suor rejuvenece os velhos vitrais
De ti busco algo além de um despejo
Oh orgasmo de fluxos trancedentais

Canção das Espécies

Canção das Espécies
(Elinando F.)

O barulho ensurdecedor e desarmônico das manhãs diamantinas são um manifesto precioso das espécies sonoras diante o silêncio que vigora em nosso sono urbano. É uma canção de amor e de desespero, o despertar obrigatório para visitantes que se encontram sonhando.

A Partida

A Partida
(Elinando F.)

Ah! Se ao menos soubessem o quanto nossa vida é curta
Os olhares não seriam tão inocentes e eternos
Fomos esvaziados de um copo: Agora temos sede!

Muitos nos querem do lado, como irmão, como amigo
Mas poucos sabem da importância de partir pro desconhecido
Em busca das regiões singelas que roubaram de nós...

Nosso passado foi passado a limpo, agora nos resta este momento
O tempo é curto pra pensar: Os anos se passaram de repente
Agora quem nos busca parece um cego sonhando em ver o Sol

Eis que este há de ser o último adeus: O mais firme, decidido
Morte das lembranças e dos laços partidos de outrora
Sopro de promessas e imagens tingindo de cor nossa Solidão!